A cidade em que vivo guarda as cores da minha infância. O verde dos jardins, o laranja dos entardeceres, o vermelho dos semáforos.
A cidade em que vivo guarda os cheiros da minha juventude. A fuligem das ruas, o azedo dos bares, o mofo dos cinemas.
A cidade em que vivo guarda os sons da minha maturidade. O freio dos ônibus, o burburinho das calçadas, o tilintar dos cafés.
A cidade em que vivo guarda as imagens da minha memória. Cidade cinza, cidade apoética, cidade melancólica.
Que como uma caixa preta me revela a cada instante os meus dias vividos.
Cecília Dias
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